segunda-feira, 7 de julho de 2014

Esses dias no Rajastão

Estou desde semana passada fazendo o Rajastão, um estado ao norte da Índia com tudo que tem de bom, camelo, elefante, deserto, todas as coisas que a gente vê sobre a Índia na TV são no Rajastão, é um estado lindo.

Comecei por Jaipur, a capital do estado. Jaipur é uma cidade grande e bem turística, os vendedores falam espanhol e reconhecem da onde os turistas são pela cara. Geralmente as pessoas me confundem com israelenses, mas as meninas da Catalúnia com quem estou viajando eles sempre acertam. Meu ponto favorito foi o Amber Fort, um forte gigante de 1592 com um lago, um palácio dentro e outro forte na montanha em frente, que são conectados por uma passagem metade subterrânea. Pra chegar no Amber Fort dá pra ir andando ou pegar um elefante (uns 20 min por 900 rupias, uma fortuna aqui). Os elefantes trabalham de 8 as 11h da manhã e de novo de 16h as 19h, eu infelizmente fui visitar o forte no intervalo que eles não estavam trabalhando e subi a pé. Mas deu pra ver eles, foi demais, elefante é um bicho enorme! Muito lindo de ver, e a espécie que eles tem aqui eu nunca tinha visto, é preto com a ponta do nariz e das orelhas rosas com pintinhas pretas, muito especial. 



A India tem muitos fortes e palácios, e especialmente o Rajastão tem ainda mais, por ser a terra dos marajás, antigos reis da região. O hotel que eu fiquei em Jaipur era decorado com reproduções dos autorretratos dos antigos marajás e em vários palácios se vê os quadros originais, têm um estilo interressantissimo, lembra um pouco arte egípcia pois seus corpos estão de frente mas a cabeça está de perfil. A família real dos marajás ainda existe, mas com a independência da Índia em 1947 esse sistema caiu.

Marajás na parede do Albert Hall Museum


 Minha segunda coisa favorita em Jaipur foi o cinema Raj Mandir, é um cinema art decó no meio da India, fui pra ver o prédio mais do que o filme, foi uma experiência muito legal. O cinema é todo azul bebê e rosa bebê, e as luzes são coloridas e mudam sozinhas, muito kitsch, e o formato do teto dá a impressão que você esta no fundo do mar, muito cafona e engraçado.

Salão de entrada do cinema

Sobre comidas, descobri no Rajastão o lassi, um iogurte que pode ser salgado ou doce ou batido com frutas ou batido com maconha (special lassi), e todos os restaurantes e lojinhas vendem. Em Jaipur tem uma loja chamada Lassi Walla, aberta desde 1944, a única coisa que eles vendem é lassi, vem num copo de barro, você para lá, toma e vai embora, não sei lugar pra sentar nem nada. É maravilhoso, o sweet lassi é o meu favorito, é um iogurte muito leve, com um doce suave, gelado, da pra tomar um monte. Tem umas 5 lojas chamadas Lassi Walla na cidade, acho que a India não tem lei contra plágio, aqui quando uma coisa da certo todo mundo abre uma loja igual. As duas lojas vizinhas ao Lassi Walla tem exatamente o mesmo nome, então tem que estar atento pra tomar o original. Agora estou em Jaisalmer, o sweet lassi aqui vem com cardamomo e castanha de caju misturado, também é bem gostoso, tem o gostoso das especiarias da Índia.

uma delicia

Jaisalmer é a cidade mais próxima do deserto, pra chegar aqui pegamos um sleeper bus de 10 horas. O sleeper bus é um ônibus com camas, tenho uma relação de amor e ódio com ele, pra viagens longas é mais confortável que cadeiras, porque você vai deitado, dá pra tirar uns cochilos. Mas é tão inseguro, e os motoristas a noite dirigem tão rápido, e chacoalha tanto, que eu viajo meio noiada. O primeiro que eu peguei foi em Bhilwara dois meses atrás, foi um terror, ele era supostamente um ônibus com ar condicionado, mas o ar estava quebrado e ônibus com ar são aqueles que a janela não abre então foi o inferno na terra, a cama parecia um caixão muito muito quente. Depois peguei um de Amritsar para Jaipur, 16 horas sem ar condicionado, a cama ficava no segundo andar do ônibus e a janela abria, foi uma viagem mais gostosa, com muito vento e vista linda a noite toda. Por outro lado, o motorista era um alucionado, acordei no meio da noite algumas vezes com o ônibus muito muito muito rápido, tensão. E agora essa semana peguei um sleeper de 10 horas de Pushkar até Jaisalmer, foi bom porque estava com as meninas, mas era um ônibus que já estava vindo de outra cidade, então foi desconfortável entrar nele, muito homem dentro do ônibus. Também mulheres e crianças pequenas, e até uma baby cabrinha, mas ainda assim, homem demais, todo mundo te encarando, meio esquisito.




Pushkar foi uma delicia, uma gracinha de cidade, minúscula, organizada em torno de um lago sagrado que segundo o Lonely Planet é onde foram jogadas as cinzas do Gandhi. A cidade não tem nada especial pra fazer tipo um ponto turístico, eu tenho preferido esse tipo de cidade, lugares que você vai passar uns dias e viver o clima de lá, sem aquela função turista de ver coisas. É muito gostoso e tranquilo. Ficamos em um hotel com uma vista incrível, e como estamos viajando fora de temporada, os preços estão baratissimos e os lugares vazios. Por outro lado, as monções estão chegando, daqui a pouco vai começar a chover. Hoje a noite vou pra Jodhpur, dessa vez de trem.


Pushkar, vista do hotel

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